A Vida do Árbitro

 

Para quem pensa que a vida de árbitro é fácil, aqui fica uma amostra do que é essa vida difícil da arbitragem!

E, o que é mais difícil na vida de um árbitro? É a vida da pessoa que é o árbitro. Até começar o jogo, passámos uma semana de trabalho, treinos semanais, recebemos a nomeação do jogo, comunicámos com os colegas de equipa, discutimos com a nossa família (“nunca estás cá ao fim-de-semana” – “nunca podemos contar ctg”), tentamos descansar no final de cada dia de trabalho para que no fim-de-semana de jogos possamos estar em perfeitas condições (“que raio, hoje não consigo dormir pq?!”) arrumámos o saco de equipamentos (“não sei se me falta alguma coisa?!”) comunicámos ao patrão que vamos precisar sair mais cedo na sexta-feira ou faltar nesse dia porque vamos ter que fazer uma viagem para um sitio distante para arbitrar um jogo ( será que vou ser despedido?), preparámos o carro para a viagem (“será que o carro vai conseguir resistir a mais 1000 km num dia?!”), evitámos contactos telefónicos dos amigos (“Vamos tomar um copo logo, dançar até amanhecer” – “ai, não dá, tenho jogo amanhã, fica para a próxima”) reunimos com os colegas às 7 da manhã para estar no campo mais do que uma hora de antecedência, resolvemos o imprevisto da falta de um árbitro assistente (“Oi, sei que é muito em cima da hora, mas estou muito doente”), fizemos refeições adequadas (“ai, essa alheira está com um aspecto delicioso mas…”), olhámos para o mapa inúmeras vezes para tentar encontrar o caminho (“ups, estamos perdidos. Olhe, se faz favor, pode indicar-nos onde fica o campo de futebol?”), encontrámos o campo e vamos para o balneário dos árbitros (“ui, que grande! Podemos pôr as malas em cima uma das outras e vestimo-nos à vez?!”) enfrentamos alguns percalços (“Desculpem senhores árbitros, mas hoje não temos água quente, rebentou-se a caldeira, espero que compreendam…” – “E principalmente ou coincidência, quando estamos em pleno Inverno!!!”). Antes de começar o jogo, verificamos tudo: equipamento, relógio, apito, moeda, cartões, caneta, bloco de notas, bola, cabeça, tronco, membros, juízo, árbitros assistentes, bandeiras, disposição, espelho para ver a pinta, respirar fundo, sair do balneário, intervenientes em sentido, público que já começou a falar connosco (“que queridos, antes do jogo já começam a tratar-nos bem!”), identificação dos jogadores, sorteio, saudação, balizas em ordem, troca de olhares entre os árbitros, cronómetro a postos… e começou o jogo! Até aqui parece ser uma vida fácil?! Depois digam que não é normal um árbitro falhar durante um jogo… Pudera, somos pessoas como as outras… E se os jogadores, alguns até bem remunerados, falham, porque é que nós árbitros temos de ser perfeitos para todos?!

 

Bons jogos para todos...

A Vida do Árbitro

Data 25-04-2009

De Sérgio Pereira

Assunto A Vida de um Árbitro

Responder

Carissímos, gostaria de deixar aqui o meu comentário sobre esta rúbrica " A vida de um Árbitro"
Tudo aquilo que é por vós mencionado no texto acima é uma realidade da vida de um árbitro.
Pela experiência que tenho de 25 anos de arbitragem, posso testemunhar que de facto isto é uma carreira que nos "rouba" muito da nossa vida pessoal,profissional e familiar, e digo isto porque actualmente estou fora à cerca de um ano e só agora é que eu descobri o quanto nós "perdemos" pelo facto de abraçar-mos uma modalidade como é a da Arbitragem que tanto de nós exige e que tão pouco nos dá.
Mas todas as dificuldades e adversidades que nos surgem pelos motivos por vós descritos são uma gota de água que seca rápidamente e que conseguimos ultrapassar fácilmente.
Agora aquilo que dói mesmo e que é dificil de ultrapassar e aceitar é a injustiça da qual somos muitas vezes vítimas e pela qual eu estou neste momento a passar, injustiça feita por quem julga os outros talvez por aquilo que eles são e não por aquilo que os outros fazem ou fizeram.
Não se compreende como é que é possível uma equipa de futebol, Jogadores, Treinadores e Dirigentes, como aconteceu recentemente na Final da Taça da Liga ter o comportamento que teve relactivamente á Arbitragem e a Justiça Desportiva dar-lhe o prazer de se justificar ouvindo um a um E QUANDO SE TRATA DE UM PROCESSO A UM ÁRBITRO este não é ouvido nem achado e se por ventura apresenta testemunhas, os seus testemunhos são ignorados.
Não se comprende como é que num processo de um qualquer Tribunal os Arguidos e Testemunhas são ouvidos pelo Juiz e nos Processos Desportivos são ouvidos os Jogadores,Técnicos e Dirigentes e os Árbitros NÃO.
Talvez os Árbitros e os seus Dirigentes tenham culpa pelo facto de aceitarem estas barbaridades, se os Árbitros e os Sr. Dirigentes ex-Árbitros colocassem os senhores da Justiça Desportiva apitar os jogos durante uns fins de semana talvez as coisas mudassem e os árbitros passassem a ser ouvidos e achados, enquanto isso não acontecer a vergonha continua..

" Um bom Juiz é aquele que ouve o que cada um diz"

Data 21-05-2010

De Paulo Costa

Assunto Re:A Vida de um Árbitro

Responder

Parabéns ao cartão amarelo e em especial ao Sérgio Pereira, pelo excelente testemunho e pura verdade que aqui descreve.
Que pena não existirem mais Sérgios com a seriedadade e frontalidade que ele sempre teve e tenho a certeza vai continuar a ter.