Esclorose Lateral Amiotrófica

Um estudo desenvolvido pela Universidade de Turim concluiu que os futebolistas profissionais correm um risco acrescido de desenvolver Esclorose Lateral Amiotrófica (ELA), mas não identificou a causa da maior incidência desta patologia neuromotora, conhecida também como doença de Lou Gehrig, na modalidade mais popular no mundo.

 

Num artigo a ser publicado no próximo mês, já citado pela publicação “New Scientist”, Adriano Chiò, cientista da Universidade de Turim, revelou que em sete mil futebolistas examinados foram descobertos cinco casos de ELA. Na mesma amostra de população não futebolista a média é de 0,8 casos desta doença, que consiste na morte de células nervosas responsáveis pelos movimentos voluntários e pode conduzir à paralisia e à morte.

O estudo, que se debruçou sobre jogadores que alinharam nas I e II divisões do campeonato italiano entre 1970 e 2001, refere também que os futebolistas tendem a desenvolver a doença 20 anos antes do esperado, ou seja, aos 41 anos. Quanto mais longa for a carreira, maior o risco de doença, acrescentou o cientista.

A causa e a alta taxa de incidência da doença continuam a ser um mistério, mas, segundo a revista “Brain”, além da "inquestionável" origem genética, traumatismos cranianos, uso de substâncias dopantes e alguns vírus poderão desencadear a ELA.

Ammar Al-Chalabi, do Instituto de Psiquiatria de Londres, defendeu, por seu lado, que os indivíduos propensos a sofrerem de ELA poderão ser desportistas natos devido às suas qualidades neuromusculares.

A doença de Gehrig, lenda do basebol norte-americano a quem foi diagnosticada esta patologia em 1939, foi também estudada num inquérito conduzido por Raffaele Guariniello, procurador de Torino, sobre os efeitos do consumo de dopantes em antigos futebolistas que actuaram em Itália entre os anos 60 e 1996. Guariniello descobriu que dos 24 mil jogadores inquiridos, 400 jogadores já tinham falecido e 70 tinham morrido de forma prematura e suspeita.

O procurador encontrou também taxas anormais de cancro e ELA. "Para a doença de Gehrig, a questão é mais científica do que judicial. Por que razão os futebolistas, grande parte jovens, numa média de 39 anos, são especialmente atingidos por este problema? Será porque durantes anos foram obrigados a jogarem com a ajuda de anti-inflamatórios no lugar de pararem e recuperarem convenientemente das lesões? É preciso esclarecer esta questão porque a ELA parece ser uma doença profissional dos futebolistas", vincou Guariniello num entrevista publicada pelo jornal francês "Libération" há dois anos